quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Luz, câmera e... feijão.

Acende. Apaga.

Ideia vem. Ideia vai.

Não é fácil ter ideias. Não é nada fácil ter boas ideias.

Na Antiguidade, ser pensador era um ofício. No capitalismo, criatividade é mercadoria.

No primeiro texto que escrevi aqui no blog, eu disse que tudo poderia ser um tema. É verdade. O problema é torna-los interessantes. O problema é escrevê-los.

Escrever, mais que um processo criativo, é também um processo investigativo. Afinal, como também já dito, a criatividade precisa te encontrar trabalhando.

O olhar atento suplica por ideias. Escrevi sobre maçãs, dia desses. O fruto proibido e sua importância histórica. Deixei de mencionar, intencionalmente, uma 3ª maçã, igualmente influente para a humanidade. Ela tá aqui, na mesa do colega ao lado. No computador, no celular. Nem Adão e Eva, nem Newton, mas a maçã de Jobs.

O olhar vasculha de novo. O pé dormente. A mão coçando. Uma cicatriz dando pontadas agudas. Passos ressoando.

A percepção de tudo, a ideia de nada. Eis o olhar vadio – flânerie, esse olhar que vagueia, observa... E exaure.

A mente, as vezes, só precisa desligar. Tudo era matéria às curiosidades de Capitu? Bom, uma ideia nem sempre surge do todo; a lâmpada nem sempre tá acesa. Uma ideia pode surgir, literalmente, do nada. Do vazio.

O cérebro é uma lupa. Ao focarmos fixamente um ponto, desconsideramos o que está nas periferias. Essa metáfora é tão literal, quanto figurativa. Mas esse não é o ponto. Fato é: Quanto desperdício não há aí?

Pressão. Datas, prazos, exigências. Existe um nome pra fobia de pressão? Sem dúvida sou pressiofóbica. Aumenta até a pressão (arterial mesmo). Uma panela, com excesso de pressão, manda o feijão para o teto. Eu sou tão boa cozinheira quanto escritora, sempre fica a critério de quem saboreia.

Minha mãe me passou o medo de panela de pressão, o que não constitui fobia. Contudo, a pressão psicológica é tão apavorante quanto. Se a pressão for grande, explode. Todo bom feijão tem de estar bem preparado (e eu adoro feijão), o mesmo acontece com as ideias.

Então, o que a gente faz? Com o feijão, desligamos o fogo antes que seja tarde demais. Com as ideias, desligamos o cérebro antes que ele desperdice todos os bons brotos.

Acende, superaquece, queima.

Acende. Por opção, apaga.

Deus levou sete dias para criar a existência. Sete dias. Sete longos dias. Imagina quanto tempo não levou no processo criativo antecedente à ação.


Clique. (Des)fez-se luz.


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