Trabalho
– a punição de Adão. Origem na palavra tripalium,
o nome de um instrumento de tortura. Acepção predominante até o capitali$mo
(e não que isso tenha mudado inteiramente).
Vilões
– o oposto da nobreza, na Idade Média; vil remetia aos trabalhos manuais,
vistos como indignos. Idade Média também conhecida por Idade das Trevas. Tenho
medo de imaginar como a nossa era será enxergada no futuro, caso não o
destruamos.
Direito
consuetudinário – predominante antes do capitali$mo, as leis eram orais.
Curiosamente, “confiança” não precisava existir, enquanto conceito, uma vez que
já existia enquanto prática.
Princípio
da Reforma Protestante – imposição da tolerância. Irônico, no mínimo, já que “quem
tem Cunha, tem medo”.
Usura
– algo outrora condenado pela tradição clássica (antiguidade) e cristã. A usura
era o lucro, algo considerado imoral, pois o dinheiro, até anteontem, na timeline da história, deveria ser
utilizado apenas para coisas úteis. O lucro pelo lucro era exceção, no
capitali$mo, se tornou a regra.
Pleonexia
– termo também utilizado na tradição Clássica e na Cristã, assim como a
crematística, significa cobiça, avareza. O desejo insaciável pela posse, posse
do que não é primordial e, muitas vezes, do que não nos pertence. No capetali$mo,
vale sempre retomar a máxima de que “quem tem mais do que precisa ter, quase
sempre se convence que não tem o bastante” (Índios, Legião Urbana).
Consumo
– deriva de com (intensivo) e sumere (pegar); consumo, em uma de suas
leituras etimológicas, está ligado a desperdício.
Nem precisa ser tão literal para saber que a sociedade do consumo é, por
excelência, a sociedade do desperdício.
Droga/drogaria
– expressão que derivou duas outras: alucinógenos e fármacos. Em poucos momentos
na história da humanidade as “drogas” foram tão mal vistas como no capitali$mo,
que mesmo assim não deixa de se apropriar de inúmeras substâncias, da forma como
bem entende.
Negócio
– negar o ócio. Expressão que ganha impulso, obviamente, no capitali$mo.
Ócio
– do latim otium, que significa
descanso.
Escola
– scholé/skholé/schola – a noção, na Grécia Antiga, estava relacionada a
cultivar o tempo da mente. Estendendo o significado, queria dizer, também, folga,
lazer, tempo ocioso.
Aluno
– sem luz.
Educação
e Escola – os significados se misturam no latim e no grego. Suas prováveis
origens estão relacionadas a saboroso.
Saboroso
– sapor + oris. Saber e razão.
*
A educação deveria, através da escola, trazer à luz (razão); conduzir aquele
que aprende da potência ao ato, segundo a filosofia aristotélica, de maneira “saborosa”.
Em 2015, não sabemos o significado real de educação, nem seu valor; a escola e
o atual sistema educacional são modelos falidos, assim como, em grande medida, também
o é a família; não temos cultura de respeito e coletividade, tampouco consciência política e social,
nossa única cultura “ideal” é a do trabalho e, por conseguinte, a do consumo.
Mas ainda achamos que a educação é a solução para todos os problemas, como se
ela fosse um super-herói que vai pousar na Terra, em um disco-voador igual ao
da Xuxa, e aplicar seu “raio educacional” sobre todos nós.
Diria o barbudo, que “os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem”. Será, meu caro Karl, que não fazemos como queremos? A roda da história é insana, somos 7 bilhões que representam alguns poucos por centos dos seres vivos, e a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Acabaremos com a existência ou ela acabará com a gente?
** Como aspirante à historiadora, sei que não posso cometer anacronismos, ou seja, julgar o passado com meu olhar do presente. O texto é "meramente ilustrativo".
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